Por Hugo Freitas
A "crise" no PMDB do
Maranhão, deflagrada desde a saída de Luís Fernando da disputa pelo Palácio dos Leões e ampliada com a derrota de Edinho Lobão e do "grupo
Sarney", que o apoiava, para Flávio Dino (PCdoB) nas eleições de 2014, o
que representou o fim da hegemonia peemedebista por estas maranhas, agora ganhou um novo capítulo por conta das eleições para a escolha do novo
diretório estadual do partido.
A chapa encabeçada pela deputada
estadual Andrea Murad, "Renovar Para Crescer", emitiu uma severa Nota
na qual critica veementemente a forma "anti-democrática" como o
processo eleitoral vem sendo conduzido no Maranhão pela atual direção, ainda
sob o comando do senador João Alberto, que concorre à reeleição.
Segundo os partidários de Andrea Murad,
"por puro arbítrio e arrogância, sobretudo por receio de participar de
processo eleitoral hígido, a atual direção, ressalte-se, que também concorre às
eleições, simplesmente ignorou as normas que cuidam do processo
eleitoral", diz trecho da Nota.
Em outra passagem, o tom da Nota
é ainda mais austero. "A suposta democracia interna do PMDB do Maranhão é
uma mentira, pois não existe democracia quando no processo eleitoral uma chapa
concorrente, neste caso a atual direção, é quem faz o julgamento se a chapa
adversária deve concorrer ou não".
A "briga" interna no PMDB
maranhense é para saber quem irá tomar as rédeas do partido para definir o rumo a seguir nas próximas eleições. Não é segredo para
ninguém que João Alberto, um dos homens de confiança do "oligarca" José Sarney, defende uma aliança com o projeto de reeleição do
prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT). Tudo o que Andrea Murad e seus
correligionários querem evitar, para garantir a sigla no projeto de candidatura
de seu pai, Ricardo Murad, que pretende disputar a Prefeitura de São Luís no
pleito do ano que vem.
Há quem diga que João Alberto pode
contar ainda (ou já está contando?!) com apoio leonino para levar o PMDB para
o colo de Edivaldo, o que seria um dos muitos motivos que recrudesceram a
cizânia entre os "homens-fortes" dos governos de ontem e de hoje no
Maranhão (CONFIRA AQUI).
Acostumado a fazer política apenas com
cargos em mãos, com pouca (ou nenhuma?!) consonância com os movimentos sociais, o Blog do Hugo Freitas entende que desafio do PMDB maranhense é conseguir manter (já se desfiliaram Gastão Vieira, Luís Fernando e outros "figurões") e, ao mesmo tempo,
renovar seus quadros, sob pena de sucumbir aos novos ditames impostos no cenário
político do Maranhão.
Confira a íntegra da Nota da chapa de
Andrea Murad:
A chapa “Renovar para Crescer”, formada
para concorrer às eleições do PMDB do Maranhão, informa o seguinte:
1. Todas as formalidades que o Estatuto
do PMDB estabelece para a formação de chapa para concorrer às eleições do
diretório estadual foram plenamente atendidas pela chapa “Renovar para
Crescer”;
2. A todos os motivos apresentados pelo
atual diretório para indeferir a chapa “Renovar para Crescer”, foram
apresentadas as justificativas suficientes para manter o registro da chapa;
3. Por puro arbítrio e arrogância,
sobretudo por receio de participar de processo eleitoral hígido, a atual
direção, ressalte-se, que também concorre às eleições, simplesmente ignorou as
normas que cuidam do processo eleitoral;
4. Na verdade, as eleições que
ocorrerão no dia 30.10.2015 no diretório do PMDB do Maranhão, com a
participação apenas da chapa da atual direção, que é a mesma direção que defere
ou indefere eventuais outras chapas que pretendesse concorrer, é tão somente
uma farsa, uma violência ao princípio democrático;
5. A suposta democracia interna do PMDB
do Maranhão é uma mentira, pois não existe democracia quando no processo
eleitoral uma chapa concorrente, neste caso a atual direção, é quem faz o
julgamento se a chapa adversária deve concorrer ou não;
6. O que é mais grave é que o Estatuto
do Partido determina que o julgamento deve ser feito pela Comissão Executiva
Estadual, mas a decisão pelo indeferimento da chapa “Renovar para Crescer” foi
feita apenas pelo presidente, monocraticamente. Eis um bom e acabado exemplo de
cumprimento das normas e de democracia que o PMDB do Maranhão tem a ensinar;
7. Lastimavelmente, o PMDB Nacional
deixou para depois – não se sabe quando – a decisão sobre as irregularidades,
ilegalidades e inconstitucionalidades perpetradas pelo PMDB do Maranhão. Da
nossa parte, apenas uma certeza: iremos cobrar esta decisão;
8. Também é de se lastimar que o juízo
de primeiro grau tenha entendido que a questão é matéria interna do partido e
que não havia necessidade do PMDB do Maranhão publicar Edital e convocar os
filiados para deliberar sobre o número de membros do novo diretório, o que
também será questionado até às últimas instâncias do Poder Judiciário;
9. Por fim, a chapa “Renovar para
Crescer” tem plena convicção que recebeu tratamento ilegal e inconstitucional,
mas, notadamente, com repulsivo arbítrio e tirania. Por isso é que não arredará
dessa luta até que o PMDB Nacional e o Poder Judiciário afirmem que de nada
valem “regime democrático”, o “pluralismo”, a “democracia interna”, a “livre
escolha dos dirigentes”, a “participação dos filiados na vida partidária, com a
garantia do direito de formação de corrente de opinião”, a “tomada de decisões
em processo democrático”, a “participação ativa dos filiados nas decisões”, o
“direito de manifestação” e o direito de ser votado e que não é grave a
violação ao princípio democrático, da publicidade, da igualdade, ao direito de
paridade de armas, ao pluralismo – todos estabelecidos na Constituição da
República.