Rubens Júnior (PCdoB)
O deputado estadual Rubens Júnior
(PCdoB), alçado recentemente ao posto de "líder da Oposição" na
Assembleia Legislativa do Maranhão (AL), função que assumirá no próximo dia 04
de fevereiro, concedeu uma instigante e polêmica entrevista ao jornalista Clodoaldo
Correa, de O Imparcial, na qual avaliou a conjuntura política maranhense, as
relações de seu partido com as demais siglas que compõem o bloco oposicionista
ao Governo Roseana Sarney e qual será o papel deste bloco na Casa Legislativa do Estado.
Em uma de suas falas, Rubens Júnior foi
taxativo: "Mais importante do que debater Flávio Dino é debater o
Maranhão. O debate não deve ser em torno da pessoa do Flávio, mas de ideias e teses. Temos que parar de pensar somente em eleição".
Vale a pena conferir a íntegra da polêmica entrevista que segue abaixo. O blog fará uma análise sobre a mesma na próxima
postagem. Os textos em destaque foram realçados pelo titular do blog.
Entrevista deputado estadual Rubens Júnior (PCdoB) publicada no site do jornal O Imparcial em 21/01/2013.
Qual será o papel da oposição no
Maranhão, agora sob sua liderança na Assembleia?
O papel da oposição continuará o mesmo:
fiscalizar sem radicalizar. Verificar se as ações do governo estão satisfazendo
a população. Mas além de fiscalizar temos que contrapor, mostrar o que faremos
de diferente. Defendemos um projeto político diferente do que está posto. Então
mais do que criticar, vamos sugerir. Isso resulta em debates políticos, pedidos
de informação e projetos de Lei. Teremos nos próximos dois anos uma oposição
com um tom acima. Não por conta da minha pessoa, mas porque os dois primeiros
anos ainda são de reconhecimento do terreno, e a coisa esquenta nos dois
últimos.
Neste começo de período de legislativo
que iniciará em fevereiro, quais serão os principais pontos que a oposição
questionará o governo?
Neste primeiro momento, a questão do
empréstimo, já que o índice de endividamento é alarmante. Com este último
totalizou 4,5 bilhões sem que a sociedade maranhense tenha sentido retorno.
Protocolamos o pedido de informação na Casa Civil sobre como foi gasto dinheiro
dos primeiros empréstimos na última quinta-feira, (17). Além disso, acompanhar
os atos do governo e suas ações. Por exemplo, a governadora prometeu que agora
entregará os 72 hospitais. É a terceira promessa que ela faz sobre este
assunto. Queremos saber de quem é a culpa pelo atraso. As praias estão poluídas
ou não. Índice de criminalidade subindo. São alguns temas que têm que ser
abordados logo.
A oposição foi quase dizimada neste
período de recesso com a possibilidade de saída do PPS. Como foi a articulação
para manter o PPS no bloco?
Tudo dentro das articulações políticas
que e legítimo. No final o bloco continuou como estava com cinco deputados.
Permanecendo os três partidos: PCdoB, PPS e PSB. Entendemos que o melhor era o
bloco continuar. Isso não é necessariamente aglutinação para 2014, que se
discutirá em 2014. Montamos este bloco com o objetivo de melhor contribuir para
o parlamento em 2013. Temos que parar de pensar somente em eleição.
Apesar de dizer que não é uma formação
para 2014, acredita-se que a deputada Eliziane Gama estará no mesmo palanque
que o PCdoB em 2014?
Eu torço para isso. Mas é legítimo dela
propor o debate político. Mais importante do que debater Flávio Dino é debater
o Maranhão. Quem se colocar com bons projetos caminharemos juntos.
Existe uma crítica em movimentos
políticos de oposição no Maranhão quanto à pessoa do Flávio Dino, por não ser
tão ligado às raízes políticas, não estar muito próximo dos movimentos aqui no
Estado. Você vê isso como uma dificuldade?
Eu entendo que ele é próximo dentro das
possibilidades. Ele entrou na política há pouco tempo, em 2006. É natural que
não tenha este relacionamento com toda a classe política porque não se constrói
de uma hora para outra. Mas é absurdamente maior do que fora em 2010. Ele não
está mais hoje pelo cargo que ocupa como presidente da Embratur. Acho que logo
vamos discutir até quando é importante o Flávio ficar na Embratur e ficar mais
no Maranhão. Mas insisto, o debate não deve ser em torno da pessoa do Flávio,
mas de ideias e teses. Mesmo quando o Flávio não está aqui o PCdoB está fazendo
política.
Existem informações de atritos entre
PCdoB e PSB na capital e no interior. Como está a relação hoje destes dois
partidos? Considera que existe uma crise em Timon?
Se existe atritos, é natural de dois
aliados. Acho que o PSB é o principal aliado nacional, e municipal, sendo o que
mais coligamos no interior do Estado ano passado. Acho que nada quebrará esta
harmonia. É uma aliança programática. Em Timon o PCdoB indicou duas
secretarias, tem o vice-prefeito Danísio que terá estrutura administrativa na
vice. Apesar dele ter devolvido a secretaria de Saúde e esse fato em nada se
caracteriza como distanciamento.
O PCdoB ajudou a eleger o prefeito
Edivaldo Holanda Júnior e participa efetivamente da gestão com três secretarias
importantes. Até que ponto a prefeitura de São Luís ajuda ou atrapalha para
2014?
Não é nem que ajude ou atrapalhe. O
Edivaldo foi eleito com o ideal da renovação, de mudança de prática. Provar em
São Luís que vale a pena acreditar na mudança, é um grande passo para 2014. O
Edivaldo ajuda muito fazendo um grande governo. O PCdoB ajudará com grandes
quadros. Por exemplo na Educação, o Allan Kardec é um técnico qualificado e já
mostra que fará diferente na Educação.
A parceria institucional entre
prefeitura e governo na capital pode atrapalhar o projeto da oposição, dando
mais visibilidade ao governo do que a prefeitura?
Não. Pelo contrário. Isto é um exemplo
de nova gestão. São adversários políticos, e o Edivaldo já deu provas
suficientes disso, que, no entanto, sentam e discutem o bem da população. O
governo não é de propriedade da governadora. É um bem público para servir a
maioria da população. O que não pode é em uma parceria institucional ser
instituído através de um leilão de quem quer que seja um dos lados.
Como o Bloco da oposição vê a possível
volta do secretário de Saúde, Ricardo Murad à Assembleia?
Ele tem que se decidir até o dia da
posse. Foi eleito também com o voto da oposição, pois houve um acordo para
manter a proporcionalidade na Mesa. Só diremos algo depois da manifestação
pública dele. Mas ele não pode conciliar o mandato com a secretaria. Ele terá
que optar. Qualquer mudança no Regimento para permitir que o secretário seja 1º
vice-presidente, a oposição votará contra. São duas funções incompatíveis.
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