Por Hugo Freitas
Petistas maranhenses inconformados com
a falta de espaço no Governo Roseana Sarney, que tem como base a aliança PT/PMDB
imposto goela abaixo na esfera local pela direção nacional do Partido dos Trabalhadores, divulgaram carta endereçada diretamente à presidenta
Dilma Rousseff, na qual pedem maior autonomia nos rumos que os descontentes
pretendem seguir no Maranhão.
Na carta, os petistas alertam a chefe
do Poder Executivo Federal para as dificuldades enfrentadas pelos maranhenses
durante a gestão de Roseana Sarney, denunciando os baixos índices sociais e de
desenvolvimento angariados pela atual governadora, e reclamando da
falta de espaço político no presente governo, uma vez que os descontentes afirmam estar cada vez
mais excluídos dos cargos e funções de decisão do poder estadual, tendo sido
inclusive afastados das secretarias de Educação e de Desenvolvimento Social.
O descontentamento dos petistas com a
falta de espaço no governo Roseana é flagrante numa passagem do texto da carta
que afirma que muitos estão "arrependidos da aliança com o PMDB da
governadora Roseana Sarney", que "tomou dos petistas (e entregou ao
DEM) a Secretaria de Desenvolvimento Social", considerada uma pasta estratégica.
Ainda segundo a carta, os petistas
descontentes apontam a necessidade de surfarem na mesma "onda de
mudança" que anima alguns setores majoritários da sociedade maranhense,
como forma de também fazerem parte desse "processo histórico", cujas "forças
progressistas do Maranhão" acumulam grandes chances de vitória em 2014.
Esse movimento dos petistas
"alijados" do governo Roseana não se constitui, contudo, num ato desinteressado, quando se observa que os espaços a eles destinados aprioristicamente lhes foram "subtraídos" pela filha do presidente do
Senado, José Sarney. Nesse sentido, cabe aqui, inclusive, uma fatídica e polêmica questão: Tal
descontentamento teria surgimento se o PT maranhense controlasse mais pastas e fosse tratado com mais "carinho" na gestão de Roseana, como pretendiam os caciques do partido na esfera local?
Como
as promessas de campanha não foram cumpridas, os petistas buscam inserção nos
espaços que lhes aparecem como oportunos neste momento, como a eleição de
Edivaldo Holanda Júnior.
O grupo denominado "Resistência
Petista" foi um dos principais encabeçadores de um movimento contingente
que levou para Holanda Júnior boa parte dos apoios das lideranças petistas descontentes
com Roseana, ainda durante a campanha eleitoral municipal. Alguns desses "líderes", agora, já aparecem como os principais
cotados a assumirem secretarias na gestão de Edivaldo, que terá início a partir
de janeiro de 2013.
O que os petistas maranhenses inconformados não mensuraram (muitos amigos deste vosso interlocutor, prezado leitor, o que não impede a tecitura destas críticas), para além de suas vaidades eleitoreiras, de seus projetos pessoais e de sua "crítica cega" à "oligarquia Sarney", é que Dilma está enredada numa trama cujo desenlace inviabilizaria a continuidade de aprovação de seus projetos na Câmara e no Senado, e, por conseguinte, feriria o princípio amplamente defendido por Lula, o da tal "governabilidade", uma vez que a aliança com o PMDB, o maior partido do país, é de suma importância para a permanência da própria hegemonia política e de poder do PT à frente do comando da máquina administrativa chamada "Brasil".
Acompanhe abaixo a íntegra da carta
petista divulgada à imprensa:
MENSAGEM À PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF
Presidenta Dilma,
Em primeiro lugar, seja bem-vinda a São
Luís.
Esperamos que no trajeto do aeroporto
para os locais de visitação a senhora não seja abalada pelas cenas de abandono
da nossa cidade.
Há buracos e esgotos a céu aberto por
todos os lados, fruto da má gestão da Prefeitura e da Companhia de Saneamento
Ambiental do Maranhão (Caema), de responsabilidade do Governo do Estado.
Esta carta sintetiza os relatos de
vários dirigentes e militantes do PT em todo o Maranhão, alguns até
arrependidos da aliança com o PMDB da governadora Roseana Sarney.
Temos aqui dois objetivos: uma denúncia
e um pedido.
A denúncia é simples: o desenvolvimento
do Maranhão é incompatível e inviável nesta aliança com a oligarquia Sarney.
Quanto mais o governo federal investe
no Maranhão, mais miserável fica o estado. Todos os indicadores sociais, dos
mais respeitáveis institutos de pesquisa, comprovam a nossa situação de
subdesenvolvimento humano.
A aliança com o PMDB no Maranhão
revelou-se uma frustração em todos os aspectos. O PT está isolado na
vice-governadoria, não tem participação efetiva na administração, não ocupa
cargos estratégicos e é visto com desprezo pela governadora Roseana Sarney.
Pior que tudo isso: o PT foi expulso da
Secretaria de Educação, acusado de corrupção e achincalhado nos próprios meios
de comunicação controlados pela família da governadora.
Depois desse episódio, Roseana também
tomou dos petistas (e entregou ao DEM) a Secretaria de Desenvolvimento Social,
uma pasta estratégica para combater a pobreza.
Para enterrar de vez o partido, o
vice-governador Washington Oliveira (WO) aventurou-se em uma desastrada
candidatura à Prefeitura de São Luís, ficando em quarto lugar, mesmo com o
apoio de 14 partidos e da máquina estadual.
A permanência do PT no governo Roseana
Sarney envergonha os próprios aliados do vice-governador e não serve em
absolutamente nada para melhorar o quadro de pobreza extrema no Maranhão.
Esse é o sentimento das bases do PT em
São Luis e nas outras cidades: vergonha e indignação.
A parte mais expressiva dos militantes,
parlamentares e dirigentes petistas quer um novo rumo para o PT no estado,
realinhando-se ao campo democrático-popular, para construir um projeto de fato
articulado ao governo federal.
Há em todo o Maranhão uma onda de
mudança, que vai desaguar nas eleições de 2014. O PT tem uma missão histórica
nesse processo. Se mantiver alinhamento com a oligarquia Sarney, vai aprofundar
o quadro de miséria e desigualdade.
Mas pode tomar outra direção, somando
forças com os partidos e lideranças do campo democrático-popular.
É nesse sentido que fazemos um pedido a
Vossa Excelência, presidenta Dilma Roussef: queremos autonomia para decidir os
rumos do PT em 2014. Queremos que a decisão do partido seja respeitada pela
instância nacional do partido.
Em 2010 os petistas decidiram coligar
com o PCdoB, na chapa liderada por Flavio Dino, mas houve intervenção do
Diretório Nacional, entregando o PT à oligarquia Sarney.
Em 2014 vamos novamente decidir. E a
vontade da base petista é de alinhamento às forças progressistas do Maranhão,
com amplas chances de vitória.
Só assim teremos, de fato, uma
integração do governo federal com o governo estadual, fazendo chegar a todos os
maranhenses, especialmente aos mais pobres, as mudanças necessárias para tirar
o Maranhão do atraso político e do subdesenvolvimento econômico.
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