quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

PT/MA EMITE CARTA A DILMA RECLAMANDO FALTA DE ESPAÇO NO GOVERNO ROSEANA SARNEY


Por Hugo Freitas

Petistas maranhenses inconformados com a falta de espaço no Governo Roseana Sarney, que tem como base a aliança PT/PMDB imposto goela abaixo na esfera local pela direção nacional do Partido dos Trabalhadores, divulgaram carta endereçada diretamente à presidenta Dilma Rousseff, na qual pedem maior autonomia nos rumos que os descontentes pretendem seguir no Maranhão.

Na carta, os petistas alertam a chefe do Poder Executivo Federal para as dificuldades enfrentadas pelos maranhenses durante a gestão de Roseana Sarney, denunciando os baixos índices sociais e de desenvolvimento angariados pela atual governadora, e reclamando da falta de espaço político no presente governo, uma vez que os descontentes afirmam estar cada vez mais excluídos dos cargos e funções de decisão do poder estadual, tendo sido inclusive afastados das secretarias de Educação e de Desenvolvimento Social.

O descontentamento dos petistas com a falta de espaço no governo Roseana é flagrante numa passagem do texto da carta que afirma que muitos estão "arrependidos da aliança com o PMDB da governadora Roseana Sarney", que "tomou dos petistas (e entregou ao DEM) a Secretaria de Desenvolvimento Social", considerada uma pasta estratégica.

Ainda segundo a carta, os petistas descontentes apontam a necessidade de surfarem na mesma "onda de mudança" que anima alguns setores majoritários da sociedade maranhense, como forma de também fazerem parte desse "processo histórico", cujas "forças progressistas do Maranhão" acumulam grandes chances de vitória em 2014.

Esse movimento dos petistas "alijados" do governo Roseana não se constitui, contudo, num ato desinteressado, quando se observa que os espaços a eles destinados aprioristicamente lhes foram "subtraídos" pela filha do presidente do Senado, José Sarney. Nesse sentido, cabe aqui, inclusive, uma fatídica e polêmica questão: Tal descontentamento teria surgimento se o PT maranhense controlasse mais pastas e fosse tratado com mais "carinho" na gestão de Roseana, como pretendiam os caciques do partido na esfera local?

Como as promessas de campanha não foram cumpridas, os petistas buscam inserção nos espaços que lhes aparecem como oportunos neste momento, como a eleição de Edivaldo Holanda Júnior.

O grupo denominado "Resistência Petista" foi um dos principais encabeçadores de um movimento contingente que levou para Holanda Júnior boa parte dos apoios das lideranças petistas descontentes com Roseana, ainda durante a campanha eleitoral municipal. Alguns desses "líderes", agora, já aparecem como os principais cotados a assumirem secretarias na gestão de Edivaldo, que terá início a partir de janeiro de 2013.

O que os petistas maranhenses inconformados não mensuraram (muitos amigos deste vosso interlocutor, prezado leitor, o que não impede a tecitura destas críticas), para além de suas vaidades eleitoreiras, de seus projetos pessoais e de sua "crítica cega" à "oligarquia Sarney", é que Dilma está enredada numa trama cujo desenlace inviabilizaria a continuidade de aprovação de seus projetos na Câmara e no Senado, e, por conseguinte, feriria o princípio amplamente defendido por Lula, o da tal "governabilidade", uma vez que a aliança com o PMDB, o maior partido do país, é de suma importância para a permanência da própria hegemonia política e de poder do PT à frente do comando da máquina administrativa chamada "Brasil".

Acompanhe abaixo a íntegra da carta petista divulgada à imprensa:

MENSAGEM À PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF

Presidenta Dilma,

Em primeiro lugar, seja bem-vinda a São Luís.

Esperamos que no trajeto do aeroporto para os locais de visitação a senhora não seja abalada pelas cenas de abandono da nossa cidade.

Há buracos e esgotos a céu aberto por todos os lados, fruto da má gestão da Prefeitura e da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), de responsabilidade do Governo do Estado.

Esta carta sintetiza os relatos de vários dirigentes e militantes do PT em todo o Maranhão, alguns até arrependidos da aliança com o PMDB da governadora Roseana Sarney.

Temos aqui dois objetivos: uma denúncia e um pedido.

A denúncia é simples: o desenvolvimento do Maranhão é incompatível e inviável nesta aliança com a oligarquia Sarney.

Quanto mais o governo federal investe no Maranhão, mais miserável fica o estado. Todos os indicadores sociais, dos mais respeitáveis institutos de pesquisa, comprovam a nossa situação de subdesenvolvimento humano.

A aliança com o PMDB no Maranhão revelou-se uma frustração em todos os aspectos. O PT está isolado na vice-governadoria, não tem participação efetiva na administração, não ocupa cargos estratégicos e é visto com desprezo pela governadora Roseana Sarney.

Pior que tudo isso: o PT foi expulso da Secretaria de Educação, acusado de corrupção e achincalhado nos próprios meios de comunicação controlados pela família da governadora.

Depois desse episódio, Roseana também tomou dos petistas (e entregou ao DEM) a Secretaria de Desenvolvimento Social, uma pasta estratégica para combater a pobreza.

Para enterrar de vez o partido, o vice-governador Washington Oliveira (WO) aventurou-se em uma desastrada candidatura à Prefeitura de São Luís, ficando em quarto lugar, mesmo com o apoio de 14 partidos e da máquina estadual.

A permanência do PT no governo Roseana Sarney envergonha os próprios aliados do vice-governador e não serve em absolutamente nada para melhorar o quadro de pobreza extrema no Maranhão.

Esse é o sentimento das bases do PT em São Luis e nas outras cidades: vergonha e indignação.

A parte mais expressiva dos militantes, parlamentares e dirigentes petistas quer um novo rumo para o PT no estado, realinhando-se ao campo democrático-popular, para construir um projeto de fato articulado ao governo federal.

Há em todo o Maranhão uma onda de mudança, que vai desaguar nas eleições de 2014. O PT tem uma missão histórica nesse processo. Se mantiver alinhamento com a oligarquia Sarney, vai aprofundar o quadro de miséria e desigualdade.

Mas pode tomar outra direção, somando forças com os partidos e lideranças do campo democrático-popular.

É nesse sentido que fazemos um pedido a Vossa Excelência, presidenta Dilma Roussef: queremos autonomia para decidir os rumos do PT em 2014. Queremos que a decisão do partido seja respeitada pela instância nacional do partido.

Em 2010 os petistas decidiram coligar com o PCdoB, na chapa liderada por Flavio Dino, mas houve intervenção do Diretório Nacional, entregando o PT à oligarquia Sarney.

Em 2014 vamos novamente decidir. E a vontade da base petista é de alinhamento às forças progressistas do Maranhão, com amplas chances de vitória.

Só assim teremos, de fato, uma integração do governo federal com o governo estadual, fazendo chegar a todos os maranhenses, especialmente aos mais pobres, as mudanças necessárias para tirar o Maranhão do atraso político e do subdesenvolvimento econômico.

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