quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

MORRE OSCAR NIEMEYER, O GÊNIO HUMANISTA DA ARQUITETURA

*15 de dezembro de 1907 +05 de dezembro de 2012

Por Hugo Freitas

Morreu na noite desta quarta-feira (05), aos 104 anos, o arquiteto Oscar Niemeyer.

Reconhecido em todo o mundo como um dos grandes expoentes da arquitetura moderna, Niemeyer morreu por volta das 22h, no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, na companhia da mulher, Vera Lúcia, 67, e de familiares.

O carioca, que completaria 105 anos no próximo dia 15, se tornou referência mundial na arquitetura ao dar novas formas à utilização do concreto, identificadas principalmente nas curvas (sua marca registrada) que desenhava com suntuosidade e maestria para edificações consideradas pela crítica como "obras faraônicas".

Seus mais famosos projetos estão na cidade de Brasília, destacando-se entre eles o Palácio do Planalto, Palácio da Alvorada e o edifício do Congresso Nacional. Também projetou o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, o famoso "disco voador" do Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ) e o Parque do Ibirapuera, em São Paulo.

O homem que ajudou a tirar do papel a capital federal, durante a presidência de Juscelino Kubitschek, deixou sua marca também em várias cidades do mundo ao longo do século XX. Durante o auto-exílio, em decorrência da tomada do poder pelos militares golpistas no Brasil em abril de 1964, Niemeyer projetou obras na França, na Argélia, e nos EUA, onde notabilizou-se ao projetar o prédio que abriga a sede da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York.

Filiado e militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) de 1945 até o início dos anos 1990, o célebre arquiteto fez diversos projetos gratuitamente, em benefício das causas que inspiravam sua construção, conquistando a admiração de personalidades mundiais, do líder cubano Fidel Castro - que o comparou ao pintor renascentista Michelangelo - ao astro de Hollywood Brad Pitt.

Talvez, o maior diferencial de Niemeyer aos demais arquitetos de sua geração tenha sido a exteriorização da humanidade que carregava consigo. Certa vez, disse: "É necessário protestar contra a miséria, as injustiças, as desigualdades. A arquitetura não muda a vida dos pobres. Para mudá-la, é preciso sair às ruas e protestar".

Aliás, relembrando a construção de Brasília, o renomado arquiteto declarou ter ficado profundamente decepcionado pelo fato do simbolismo de modernidade e esperança que a capital federal significou para os "candangos" que a ajudaram a construir não ter se materializado em oportunidades e melhorias de vida para essa gente, hoje abandonados à própria sorte nas periferias da cidade.

Assim, se vai o gênio humano da arquitetura, que ao longo de seus 104 anos mostrou ao mundo que até a frieza do concreto pode se render à sensibilidade do artista.

"A vida é um sopro, é um vento, é um minuto" (Oscar Niemeyer)

Um comentário:

  1. “A vida é um minuto”

    O triplo do meu tempo inda não daria a conta de 105 anos, tal idade ultrapassa o sonho de imortalidade de qualquer homem apaixonado pela vida.

    Dei de ligar a TV, e como me doeu a morte do Oscar Niemeyer! Um contemplado pela sorte que se foi de forma natural após cumprir sua generosa existência - diria meu pensamento, mas sinto ainda que é como se fosse precoce ou um ato cruel da própria vida com a dele.

    As palavras comoventes de Chico Buarque a ele derrearam as lágrimas que lutei em represar sem que nada mais pudesse fazer. Um homem rabiscando o papel como se fosse simples erguer da terra estranhas catedrais. Quando caminhei solitário por Niterói me demorei mais que o habitual naquela taça imensa de sorvete a qual chamam de disco voador, percebi a força do poeta do concreto.

    Suas palavras marcantes sobre a existência, o cigarro amparado pelos dedos a troçar com leveza de qualquer saúde, a sobrancelha séria e serena... Faz pena sua partida, faz pena! Fez do seu tempo um escritório e do escritório um lugar pra pensar a vida. Um homem que inventava o sonho, mas sabia consegui-lo para projetar autênticas quimeras a se forjar ininterrupto. Ele enganou a todos que morreu, entrou naquele disco voador e partiu!


    "Se a reta é o caminho mais curto entre dois pontos, a curva é o que faz o concreto buscar o infinito".

    César Borralho________________

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