Por Hugo Freitas
O Governo do Estado, através da
Secretaria Estadual de Saúde, anunciou, por meio de Nota, uma parceria em
caráter de "emergência" com a Prefeitura de São Luís.
A "união" dos Executivos
municipal e estadual visa tentar socorrer os socorrões I e II, além do Hospital
da Criança, que padecem, há tempos, de superlotação, falta de medicamentos, de materiais
hospitalares básicos, de leitos e de alimentos para os pacientes, de ambulâncias em estado de funcionamento, inclusive de combustível, além de deficiência
em seus quadros, como escassez de médic@s e enfermeir@s e ameaças de
paralisação dos que sobrevivem ao estado calamitoso das unidades de saúde da
capital.
O interessante é que a aliança entre
Governo e Prefeitura é anunciada às vésperas do fim do mandato do atual gestor
de São Luís, João Castelo (PSDB), que entregará o cargo para o novo prefeito
Edivaldo Holanda Júnior (PTC) em 1º de janeiro de 2013.
Para os que acreditam tratar-se de uma
ação efetiva da prefeitura castelista antes do fim de sua malfadada
gestão, em relação ao caótico estado da saúde pública de São Luís, não se
iludam!!! O pedido de socorro de Castelo ao Governo Roseana Sarney é proveniente
do "ultimato dado pelo MPF" ao atual prefeito, precisamente por conta
do abandono das unidades de saúde da quatrocentenária cidade.
Não se trata, portanto, de uma ação
pensada enquanto política pública, visto que faltam apenas oito dias para o fim
da administração tucana na capital, depois de quatro anos de (des)governo, mas de atendimento a uma determinação de
um órgão fiscalizador federal.
Na verdade, nem poderia ser diferente, já que na visão do prefeito João Castelo a saúde de São Luís vai muito bem, obrigado! Ou alguém já esqueceu que ele disse isso em pleno debate na TV durante o segundo turno das eleições na capital???
Por sua vez, o Governo do Estado ao
aliançar-se à Prefeitura nessa derradeira(?) empreitada castelista tenta
conquistar, em última análise, o apoio do PSDB e de seus partícipes (incluindo
Castelo) num provável alinhamento para as eleições de 2014, como forma de fazer
frente ao projeto dinista de ascensão à cadeira de comando do Executivo
maranhense.
Se assim não fosse, por que não fizeram
isso antes? Por que esperar justamente o resultado das eleições para pensar na
Saúde de São Luís enquanto pauta urgente na agenda das máquinas
administrativas?
Independente de tais indagações, ainda
assim foi necessária uma determinação federal para que se olhasse "de forma emergencial" para a saúde
municipal, que clama por socorro há muito tempo.
Diante de todo o exposto, cabe aqui a reverência ao sociólogo francês Pierre Bourdieu, que em seus estudos asseverou: "Nenhum ato é desinteressado", nem aquele que une a observação da lei aos ganhos políticos de seu cumprimento.
Fique com a Nota Oficial da Secretaria
Estadual de Saúde:
“Considerando a grave situação de
atendimento da rede municipal de saúde de São Luís, especialmente nos Hospitais
Socorrão I, Socorrão II e Hospital da Criança, ocasionada pela falta de insumos
básicos para a devida prestação dos serviços médicos, pela dificuldade de
operacionalização dos equipamentos por falta de manutenção, e ainda a ameaça de
paralisação das equipes de saúde por atraso no pagamento dos seus salários,
fatos que estão causando graves prejuízos à comunidade usuária do Sistema Único
de Saúde na capital do Estado, com risco de morte para os pacientes em demanda
a esses serviços.
Considerando, ainda, que essa situação
também está ocasionando o congestionamento das UPAS da rede estadual e dos
hospitais de retaguarda clinico-cirúrgica, como o Hospital Geral, o Hospital
Carlos Macieira e o Hospital Infantil Juvêncio Matos, os quais estão sendo
obrigados a realizar atendimentos muito acima de sua capacidade operacional, o
que pode ocasionar queda na qualidade dos atendimentos, e a suspender o
desenvolvimento de algumas ações como cirurgias oncológicas, neurocirurgias e
cirurgias eletivas, a Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão vem, por meio
desta Nota Oficial, comunicar à população que resolveu, de forma emergencial e
inadiável, adotar as seguintes medidas, até que o prefeito eleito assuma o
comando da administração municipal:
1-Disponibilizar, em caráter de
urgência, para os hospitais da rede municipal de São Luís, materiais médicos,
medicamentos e alimentação, assim como serviços de ambulância, de limpeza e de
desinfecção hospitalar, de exames laboratoriais, e ainda, caso necessário,
equipes de profissionais da saúde, de forma que os atendimentos nas unidades da
rede municipal voltem, o mais breve possível, à normalidade;
2- Requisitar emergencialmente à
Universidade Federal do Maranhão a cessão do prédio construído pela UFMA em
terreno do Hospital Tarquínio Lopes Filho, que está atualmente sobrecarregado
em decorrência da crítica situação descrita na rede municipal. Esta cessão
possibilitará o imediato acréscimo de 100 leitos no Hospital Geral, trazendo
uma rápida resposta às necessidades de atendimento à saúde da população.
3- Colocar à disposição do SAMU
ambulâncias da Secretaria de Estado da Saúde até que sua frota seja recuperada
e colocadas em operação”.
Secretaria de Estado da Saúde
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Grato pela participação.