O PODER E O CRIME - Enivaldo Quadrado (à direita), o chantagista, é pago pelo PT para manter em segredo o golpe que resultou no desvio de 6 milhões de reais da Petrobrás, em outro caso de chantagem que envolve o ministro Gilberto Carvalho (à esquerda), o mensaleiro José Dirceu e o ex-presidente Lula.
Por Hugo Freitas
A revista "Veja" desta semana traz novas
revelações sobre o esquema de corrupção envolvendo a Petrobrás, denunciado por
um ex-diretor da maior estatal brasileira. E, mais uma vez, o nome do
ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva consta entre os que estão no epicentro
de mais um escândalo de desvio de dinheiro público, que pode inclusive ultrapassar o esquema do "Mensalão" em magnitude, haja vista que estamos às vésperas das eleições presidenciais.
Com o título "O PT sob
chantagem", a reportagem de "Veja" destaca que o Partido dos Trabalhadores
estaria sendo alvo de supostas "ameaças" em face a novas denúncias
que podem arrastar o nome de Lula e de outros "figurões" da legenda da estrela vermelha para o epicentro do escândalo da Petrobrás.
Para que isso fosse evitado, segundo a
matéria, o PT de Lula teria cedido aos chantagistas e pago, em dólares,
suntuosos volumes de propina, a fim de se fazer mais um "abafa" no
tocante ao nome do ex-presidente que, desde a época do "Mensalão",
sempre afirmou "nunca saber de nada" do que acontecia em seu governo e no da presidente Dilma Rousseff (PT).
O agravante disso tudo é que o caso do assalto aos cofres da Petrobrás remonta à morte do prefeito petista da cidade paulista de Santo André, Celso Daniel, assassinado em 2001. Ou seja, não se trata somente de roubo de dinheiro público, mas também de "queima-de-arquivo", crimes gravíssimos que devem ser idoneamente investigados pela Polícia Federal e, caso confirmados, severamente punidos pela "nobre" Justiça brasileira.
O mesmo deve valer para o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB), e a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), ambos aliados de Lula e apontados como beneficiários do esquema milionário que surrupiou os cofres da Petrobrás.
Acompanhe a reportagem da
revista Veja, divulgada no site do veículo:
O PT sob chantagem
Para evitar que o partido e suas
principais lideranças sejam arrastados ao epicentro do escândalo da Petrobras
às vésperas da eleição, a legenda comprou o silêncio de um grupo de criminosos
— e pagou em dólar.
Desde que estourou o escândalo da
Petrobras, o PT é vítima de uma chantagem. De posse de um documento e
informações que comprovam a participação dos principais líderes petistas num
desfalque milionário nos cofres da estatal, chantagistas procuraram a direção
do PT e ameaçaram contar o que sabiam sobre o golpe caso não fossem devidamente
remunerados.
Às vésperas da corrida presidencial, essas revelações levariam
nomes importantes do partido para o epicentro do escândalo, entre eles o
ex-presidente Lula e o ministro Gilberto Carvalho, um dos coordenadores da
campanha de Dilma Rousseff, e ressuscitariam velhos fantasmas do mensalão. No
cenário menos otimista, os segredos dos criminosos, se revelados, prenunciariam
uma tragédia eleitoral. Tudo o que o PT quer evitar. Dirigentes do partido
avaliaram os riscos e decidiram que o melhor era ceder aos chantagistas — e
assim foi feito, com uma pilha de dólares.
O PT conhece como poucos o que o
dinheiro sujo é capaz de comprar. Com ele, subornou parlamentares no primeiro
mandato de Lula e, quando descoberto o mensalão, tentou comprar o silêncio do
operador do esquema, Marcos Valério. Ao pressentir a sua condenação à prisão, o
próprio Valério deu mais detalhes dessa relação de fidelidade entre o partido e
os recursos surrupiados dos contribuintes. Em depoimento ao Ministério Público,
ele afirmou que o PT usou a Petrobrás para levantar 6 milhões de reais e pagar
um empresário que ameaçava envolver Lula, Gilberto Carvalho e o mensaleiro
preso José Dirceu na teia criminosa que resultou no assassinato, em 2001, do
petista Celso Daniel, então prefeito de Santo André.
A denúncia de Valério não
prosperou. Faltavam provas a ela. Não faltam mais. Os dólares serviram para
silenciar o chantagista Enivaldo Quadrado, ele próprio participante da
engenharia financeira do golpe contra os cofres da maior estatal brasileira — e
agora o personagem principal de mais uma trama que envolve poder e dinheiro.
Quadrado deu um ultimato ao tesoureiro
do PT, João Vacari Neto: ou era devidamente remunerado ou daria à polícia os
detalhes de documento apreendido no escritório do doleiro Alberto Youssef. O
documento era um contrato de empréstimo entre a "2 S Participações", de Marcos
Valério, e a "Expresso Nova Santo André", de Ronan Maria Pinto. O valor desse
contrato é de 6 milhões de reais, exatamente a quantia que Valério dissera ao
MP que o PT levantara na Petrobrás para abafar o escândalo em Santo André. É
esse o contrato que prova a denúncia de Valério. É esse o contrato que, em
posse de Quadrado, permitia ao chantagista deitar e rolar sobre os petistas.
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