O presidente venezuelano Hugo Chávez
morreu hoje, aos 58 anos, devido a complicações respiratórias, após cirurgias
para a retirada de tumores cancerígenos. O anúncio foi feito pelo presidente em
exercício, Nicolás Maduro, às 16:45.
Desde junho de 2011, ele lutava contra um
tumor maligno na região pélvica. No dia 11 de novembro de 2012, Chávez seguiu
para Havana, capital cubana, para sua quarta cirurgia, após a qual desenvolveu alguns problemas respiratórios. Regressou à Venezuela no dia 18 de fevereiro, após um longo período
de tratamento em Cuba.
Hugo Rafael Chávez Frías governava a
Venezuela desde 1999, quando foi eleito pelo Movimento V República com 56% dos
votos, pondo fim a quatro décadas do domínio de apenas dois partidos. Com um
discurso duro contra as elites do país, ele se apegava à imagem de Simón
Bolívar, líder da independência venezuelana. O governante declarava colocar em
prática a Revolução Bolivariana, cujo objetivo seria construir o
"socialismo do século XXI".
Chávez gozava de alta popularidade e,
em outubro, havia sido reeleito para seu quarto mandato com 54% dos votos. Antes de
viajar para Cuba para sua última cirurgia, ele fez um pronunciamento pedindo à população venezuelana que apoiasse
o vice-presidente e chanceler Nicolás Maduro. Pela Constituição Venezuela, com
a morte do presidente antes de sua posse, assumiria o atual presidente da
Assembleia Nacional e novas eleições deverão ser convocadas em até 30 dias. A
disputa deve colocar como adversários Maduro e Henrique Capriles, que perdeu as
últimas eleições para Chávez.
Polarização
As decisões políticas e administrativa
tomadas por Chávez causaram uma polarização na opinião da população do país e
da comunidade internacional. Logo no seu primeiro ano de governo, Chávez
organizou um referendo que lhe permitiu convocar uma Assembleia Constituinte.
Uma nova Constituição foi elaborada, outorgando mais poderes ao presidente e ao
Estado, e criando espaços para manifestação popular. A proposta também previa a
possibilidade de reeleição indefinida e um plebiscito, no meio do mandato, para
que a população avaliasse e eventualmente destituisse o presidente. Com o apoio
de 71% da população, a carta magna foi aprovada por meio de um referendo.
Com uma ampla base de apoio no
Congresso, Chávez apostou no fortalecimento do Estado e na exploração do
petróleo para aquecer a economia do país, interrompendo o processo de
privatização da estatal Petróleos de Venezuela (PDSVA). Ao mesmo tempo, obteve
apoio para aprovar uma nova lei na qual todas as atividades da indústria
pretrolífera deveriam contar com a presença majoritária da PDVSA e aumentou o
percentual dos royalties do petróleo destinados ao Estado.
A medida foi o estopim para uma reação
da oposição. Articulada com militares de alta patente e com a mídia tradicional
local, os adversário de Chávez realizaram uma tentativa de golpe em 2002. Após
48h, os aliados do presidente conseguiram retomar o Palácio de Miraflores, sede
do governo. Desde então, a disputa entre situação e oposição se tornou mais
pacífica, embora não menos acirrada, sobretudo nos períodos eleitorais.
Desenvolvimento social
A principal política social para
redução das desigualdades girou em torno das missões bolivarianas, que levam
saúde, educação e alimentos a regiões mais pobres. Com essa iniciativa, a
Venezuela obteve melhorias nos índices de desenvolvimento social e foi reconhecida
em 2005 pela Organização das Nações Unicas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (Unesco) como um país livre de analfabetismo.
Chávez fundou ainda o Partido
Socialista Unido da Venezuela (PSUV) com o objetivo de aglutinar, em uma só
sigla, as forças que apoiavam o governo. Na América do Sul, o líder venezuelano
tinha como principais aliados e parceiros Brasil, Bolívia, Argentina, Uruguai e
Equador, num contexto em que esses países elegeram governos de esquerda e
centro-esquerda. Atualmente, a Venezuela passa por um processo de incorporação ao Mercosul.
Fonte: EBC
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