A diretoria da ANPOCS vem a público
expressar sua estupefação diante das palavras do governador paulista, Geraldo
Alckmin, em reunião com seu secretariado, noticiadas pela Folha de S. Paulo em
27/04/2016, referentes ao que reputa serem “projetos acadêmicos sem nenhuma
relevância”, no bojo dos quais inclui as pesquisas da área de sociologia.
Tal entendimento do campo científico e
acadêmico revela um governante que desconhece não apenas a natureza da pesquisa
básica de um modo geral, como das humanidades, em particular. O governador se
mostra também desinformado sobre os gastos de uma agência de fomento sob a sua
jurisdição, pois o investimento em pesquisas nas áreas de humanas correspondem
a apenas um décimo do orçamento da FAPESP e sua contemplação de forma alguma se
constitui num impeditivo ao fomento à pesquisa em outras áreas. O Relatório FAPESP
2014, último publicado, traz a seguinte informação:
“A Fundação apoia pesquisas em todas as
áreas de conhecimento. Em 2014, como historicamente tem ocorrido, a área de
Saúde foi a que recebeu a maior parte dos recursos (28,56%) (...) Em segundo
lugar, com 15,87% do total, veio a Biologia, seguida das Ciências humanas e
sociais (10,44%), Engenharia (10,27%) e Agronomia e veterinária (8,21%) e as
demais. Somadas, Saúde, Biologia, Agronomia e veterinária, as chamadas Ciências
da Vida, receberam, portanto, em 2014, pouco mais da metade (52,64%) do
desembolso da FAPESP.” (FAPESP, Relatório de Atividades 2014, p. 7.)
O desenvolvimento de uma sociedade
requer o avanço do conhecimento nos mais diversos campos científicos e
tecnológicos, dos quais evidentemente não se pode excluir o imprescindível
conhecimento sobre a própria sociedade. É surpreendente que na atual quadra
histórica seja ainda preciso relembrar isto, mormente, quando a necessidade de
tal lembrança decorre da manifestação de preconceitos por parte de um
governante.
ANPOCS - Associação Nacional de
Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais
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