segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

GUERRA DAS MALVINAS: ENTENDENDO O CONFLITO


A Guerra das Malvinas foi um conflito armado entre Grã-Bretanha e Argentina, no começo dos anos 80, pelo controle de um pequeno arquipélago no Atlântico Sul, as ilhas Malvinas - conhecidas em inglês como Falklands.

Fonte: Google Earth

A região, situada a cerca de 480 quilômetros da costa argentina, foi ocupada pelos ingleses desde o século XIX e integrava uma parcela mínima dos vastos territórios que compunham o imenso império britânico. Após a Segunda Guerra Mundial, mesmo com o processo de descolonização, a região sul americana se manteve sob a tutela inglesa.

A Grã-Bretanha ocupa e administra as ilhas desde 1833, mas os argentinos nunca aceitaram esse domínio.

Confira abaixo dados estatísticos de 2005 sobre as ilhas Malvinas:

Fonte: Mundo Maps

No início da década de 1980, a ditadura militar que controlava a Argentina decidiu promover um plano de controle sob o território. Então comandado pelo general Galtieri, o governo dos militares argentinos se via pressionado pelos problemas sociais e econômicos que colocavam a população contra si, além do grave desrespeito às liberdades civis e aos direitos humanos. Dessa maneira, o plano seria uma forma desesperada de recuperar a imagem do governo por meio da guerra e unir a nação em um frenesi patriótico.

Publicação do Jornal "Clarín", de Buenos Aires, sobre o desembarque das tropas argentinas nas Ilhas Malvinas (Foto: abril de 1982)

Aproveitando-se da disputa histórica, o governo militar da Argentina lançou uma invasão às ilhas em 2 de abril de 1982.

Os argentinos tinham duas apostas: acreditavam que teriam o apoio dos Estados Unidos para reaver o território das Malvinas ou que os ingleses iriam abrir mão da ilha por meio de uma rápida negociação diplomática. Nenhuma das duas se concretizou.

A princípio, a invasão realizada pelos argentinos foi vitoriosa e resultou no controle da capital das Malvinas, Port Stanley. Com a conquista, os hermanos mudaram o nome da cidade para Puerto Argentino.

Enquanto o regime propagandeava sua vitória na mídia, os ingleses tentaram negociar uma retirada pacífica dos militares argentinos, o que não conseguiram. A guerra estava a caminho.

Forças aérea e naval britânicas cruzando o Atlântico, rumo às ilhas Malvinas

Mediante a negativa do governo Galtieri, a primeira-ministra britânica Margaret Thatcher ordenou a preparação das forças britânicas para um conflito contra os argentinos. Enviou às Malvinas uma força-tarefa com 28 mil combatentes - quase três vezes o tamanho da tropa rival.

Aproveitando dos acidentes geográficos que tomavam todo o arquipélago, os argentinos organizaram um contra-ataque aéreo comandado pela Fuerza Aérea Sur. Utilizando de mísseis Exocet, os argentinos conseguiram abater duas embarcações britânicas.

Navio britânico atingido por um míssil argentino

Apesar disso, as maiores derrotas argentinas aconteceram em terra, quando os britânicos não tiveram maiores dificuldades para vencer um exército numeroso, porém extremamente mal preparado.

E, ao contrário do que supunham os generais argentinos, os Estados Unidos não se mantiveram neutros. Resolveram apoiar os britânicos, seus aliados na poderosa aliança militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Fornecendo armas, os americanos deram uma forcinha decisiva aos súditos de Elizabeth II. Turbinados pelo apoio ianque, os britânicos bateram os argentinos em pouco mais de dois meses.

No dia 14 de junho de 1982, a Inglaterra tinha finalmente restabelecido sua hegemonia sob as Ilhas Falkland, nome oficialmente dado pelos ingleses à região.

Desembarque das tropas britânicas vitoriosas nas ilhas Malvinas em junho de 1982

Após o conflito, a galopante crise inflacionária – que então batia na casa dos 600% ao ano – e os movimentos populares contra a repressão militar causaram a queda da ditadura argentina. Em um brusco processo de redemocratização, os argentinos depuseram Galtieri e, no ano seguinte, realizaram as eleições que levaram o civil Raúl Alfonsín ao poder.

Na Inglaterra, o conflito fortaleceu a imagem política de Margaret Thatcher, que conseguiu se reeleger como primeira-ministra.

Principais eventos do conflito

1. A guerra das Malvinas começa para valer em 2 de abril de 1982, quando as forças navais argentinas tomam Stanley, a capital das ilhas. Em resposta à invasão, a Grã-Bretanha envia à região uma força-tarefa em meados de abril, cruzando 13 mil quilômetros pelo oceano Atlântico.

2. No dia 25 de abril, uma unidade britânica desembarca em uma ilha próxima, a Geórgia do Sul, que também estava nas mãos dos argentinos. Depois de breves combates, a Grã- Bretanha retoma o controle da ilha e começa a preparar o contra-ataque, adaptando equipamentos para receber armas da Otan.

Veja abaixo a esquadra militar de ambas as nações envolvidas no conflito:

Fonte: Mundo Maps

3. Ao mesmo tempo, os argentinos se preparam para interceptar as forças britânicas. No final de abril, eles posicionam a noroeste das Malvinas o porta-aviões Veinticinco de Mayo, levando oito caças-bombardeiros, seis aviões a hélice e quatro helicópteros, todos a postos para o combate.

4. A maior baixa argentina acontece no dia 2 de maio: longe da zona de conflito, o cruzador General Belgrano é torpedeado por um submarino britânico de propulsão atômica e afunda, matando 368 homens. Enquanto isso, nas imediações das Malvinas, os dois exércitos travam intensas batalhas no ar.

5. Dois dias depois, a resistência aérea argentina consegue uma vitória a oeste das Malvinas ao atingir o destróier Sheffield, matando 20 homens. Nos dias seguintes, ataques argentinos afundam mais quatro navios. Mas as baixas não conseguem impedir o avanço da moderna esquadra britânica, que se aproxima cada vez mais das ilhas Malvinas.

6. O avanço britânico se consolida em 21 de maio, com um desembarque anfíbio na costa norte da ilha Malvina Oriental. Enfrentando tropas mal preparadas e com armas antiquadas, os britânicos capturam povoados menores, como Goose Green, até cercarem a capital, Stanley. Em 14 de junho, os argentinos se rendem e a guerra chega ao fim.

Militares argentinos se rendem às tropas britânicas, pondo fim à Guerra das Malvinas

Armamentos e Saldo da Guerra Argentina x Grã-Bretanha

Argentina
10 mil soldados - 750 mortos

NO AR: A frota era numerosa mas antiga, composta principalmente por aviões Skyhawk da década de 60.

NO MAR: Inferiorizados, os argentinos só tinham um porta-aviões e submarinos a diesel, que possuem pouca autonomia embaixo d’água.

EM TERRA: A maioria dos 10 mil soldados não tinha experiência militar. Mal armadas e sem proteção contra o frio da região, as tropas protagonizaram rendições em massa para o Exército britânico.

Grã-Betanha
28 mil soldados - 256 mortos

NO AR: Os modernos caças-bombardeiros a jato Harrier e Sea Harrier eram poucos, mas rivalizaram com a numerosa frota argentina.

NO MAR: Além dos dois porta-aviões, o grande destaque da esquadra eram três submarinos de propulsão nuclear, que podiam ficar embaixo d’água por meses.

EM TERRA: Além de a tropa ter quase três vezes mais combatentes que a rival, os soldados britânicos eram todos profissionais e contavam com o moderno armamento da Otan.

Capacetes dos soldados mortos no conflito

Hugo Freitas
Com informações do portal Brasil Escola e da revista Aventuras na História (editora Abril)

5 comentários:

  1. Grande comentário! Sucinto porém com ótimo conteúdo.
    Nunca irei esquecer o fatídico dia 2 de Abril de 1982. Eu estava em Alba Posse, uma cidadezinha da província de Misiones, fronteiriça com a cidade de Porto Mauá no RS. Estava lá a passeio, fazendo compras quando a guerra foi declarada. De imediato, o governo argentino declarou o "estado de sítio", em outras palavras quer dizer: NINGUÉM ENTRA E NINGUÉM SAI! Ficamos "retidos" (para não dizer presos) até sermos extraditados de volta para o Brasil. Aquele processo durou 38 dias! Nunca esquecerei também, da arrogância e prepotência dos oficiais argentinos com os estrangeiros, eles costumavam a dizer que com a vitória dos argentinos nas Malvinas, o país iria reaver o resto do território das Misiones, ou seja, quase a metade da região oeste do RS, SC e PR. Era só o que ouvíamos o dia todo! Porém pouco a pouco o mundinho dos hermanos foi caindo com as notícias das derrotas e baixas havidas quando da invasão dos britânicos nas ilhas, o que eles nunca contaram foi o terror imposto pelas tropas britânicas aos inexperientes soldados quando da invasão dos "gurkas" (mercenários nepaleses a serviço da Coroa Britânica), invadiram a cabeça de praia onde tropas argentinas guardavam as últimas posições de defesa. Os sobreviventes contam que foi uma verdadeira carnificina, sendo que os militares de maior patente quando aperceberam-se do perigo, fugiram deixando os comandados a própria sorte. Foi o ato de maior covardia e os responsáveis por aquilo tudo nunca foram punidos. Todo o conflito se deu pela subserviência e egolatria de um general bêbado e inconsequente chamado Leopoldo Galtieri.
    Aos gloriosos soldados argentinos que perderam a vida e os corajosos pilotos de combate da Fuerza Aerea Sur que, em detrimento dos ultrapassados jatos de combate, fizeram frente de combate à modernidade das forças piratas de Sua Magestade, colocando a pique a moderna fragata Antílope além de outros danos significativos, inclusive ao portentoso porta-aviões Invencible da frota britânica. A esses corajosos combatentes, e aos sobreviventes que ficaram com incuráveis sequelas daquelas semanas de terror e humilhação - oferecemos nosso mais sincero respeito e admiração.

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  2. Tenho grande interesse sobre o tema "Guerra das Malvinas"; que os mais novos nunca se esqueçam deste conflito. Em 1982 eu servia no navio contratorpedeiro Rio Grande do Norte-D37, e realizamos patrulhas no Atlântico Sul, até o porto da cidade de Rio Grande-RS. No mesmo ano estivemo na Argentina realizando a Operação Fraterno IV, estando presente em Buenos Aires e em Puerto Belgrano. Eu era o MNQSM 812068.79 OLIVEIRA. Um abraço a todos daquelas.

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    1. Amigos, seria interessante escrever um texto no blog só com os relatos de quem viveu e presenciou esse grande conflito. Caso vocês tenham documentos, fotos e outras fontes que pudessem enviar ao blog, ficaria bastante agradecido.
      Caso vocês queiram compartilhar suas experiências e documentos, mandem email, por favor, para: hugofreittas@yahoo.com.br, contendo nome e função/cargo que ocupava durante o conflito.
      Abraços e mais uma vez, obrigado pela participação.

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  3. Hay muchos errores en tu desarrollo de los hechos. Primero, fue la aviacion naval la que utilizo los exosets. segundo, fueron 14 los barcos ingleses hundidos, y muchos mas averiados, entre ellos ambos portaaviones. No hubo en ningun momento rendicion en masa de tropas argentinas, y cada posicion de defensa fue muy costosa de superar para los britanicos, Ellos mismos elogian el valor y el desempeño de los combatientes argentinos, Sobresaliendo sobre todo el de los pilotos, la artilleria de tierra y los oficiales y suboficiales que tuvieron que combatir, por ejemplo las compañias de comandos. Fue un conflicto com muchas desigualdades, pero en el que los argentinos, defendiendo lo que les pertenece combatieron de una forma que los britanicos no creian que podian llegar a hacerlo, durante 75 dias, sin relevos, metidos en posiciones llenas de agua y con poca comida, enfrentaron a la nato y durante dos meses y medio de combate resistieron. Ni el ejercito de Irak, considerado el 5 ejercito del mundo en su momento resistio lo que los argentinos en malvinas.

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Grato pela participação.